Homeopatia na prevenção e controle de epidemias atuais: as febres dengue, chikungunya e zika e a gripe influenza
Comunicado para os farmacêuticos homeopatas e outros profissionais da saúde homeopatas
A ABFH, Associação Brasileira de Farmacêutica Homeopatas apoia as medidas para controle das febres Dengue, Chikungunya e Zika, por meio do combate ao vetor, o mosquito Aedes aegypti. Recomenda também, em especial neste momento de epidemia, que, na medida do possível, a população cuide de sua alimentação, repouso, lazer, exercícios físicos, controle do estresse, isto é, pratique medidas gerais de higiene, e ainda de prevenção de doenças, de promoção e proteção da saúde.
Na ocorrência de sintomas, ou para mais orientações, indica que a população que desejar tratar-se com homeopatia, procure um farmacêutico homeopata ou outro profissional da saúde homeopata. Portanto, você farmacêutico, deve informar-se, para informar a população.
Notícias atualizadas sobre as características destas doenças devem ser buscadas em sites oficiais como o do Ministério da Saúde https://portalsaude.saude.gov.br/, das secretarias de saúde estaduais (https://www.saude.sp.gov.br/ para o estado de São Paulo), da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FioCruz) – https://portal.fiocruz.br/pt-br e da Organização Panamericana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS Brasil) https://www.paho.org/bra/. Todos transmitirão notícias fundamentadas, incluindo os alertas internacionais. Cuidado com informações das redes sociais que não tenham confirmação oficial. Informações não confirmadas, e muitas vezes errôneas, podem induzir a população e os profissionais da saúde ao erro, insegurança e mesmo pânico.
O Conselho Regional do Estado de São Paulo, CRF-SP, preparou uma campanha específica para farmacêuticos, chamada de Farmacêuticos contra a Dengue, que pode ser acessada em https://portal.crfsp.org.br/noticias/6227-farmaceuticos-contra-dengue.html. Lá você encontrará como registrar sua farmácia como participante desta campanha, e acessará informações diversas, como ficha de atendimento farmacêutico e manejo do paciente com suspeita de dengue e outros. O CRF-SP afirma que é possível contribuir orientando seus pacientes, ministrando palestras para a comunidade (escolas, igrejas, associações, etc.) ou visitando estabelecimentos comerciais de sua região para orientar as equipes que trabalham nesses locais.
Sintomas
A Dengue e a Chikungunya têm sintomas e sinais parecidos. Enquanto a Dengue se destaca pelas dores nos corpo, a Chikungunya se destaca por dores e inchaço nas articulações. Já a Zika se destaca por uma febre mais baixa (ou ausência de febre), muitas manchas na pele e coceira no corpo.
Dengue
O primeiro sintoma da Dengue é a febre alta, entre 39° e 40°C. Tem início repentino e geralmente dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira no corpo. Pode haver perda de peso, náuseas e vômitos.
Chikungunya
Apresenta sintomas como febre alta, dor muscular e nas articulações, dor de cabeça e exantema (erupção na pele). Os sinais costumam durar de três até dez dias.
Zika
Tem como principal sintoma o exantema (erupção na pele) com coceira, febre baixa (ou ausência de febre), olhos vermelhos sem secreção ou coceira, dor nas articulações, dor nos músculos e dor de cabeça. Normalmente os sintomas desaparecem após três até sete dias.
Diferenças entre febre Zika, Dengue e Chikungunya
Perigos e Complicações
Dengue
A principal complicação é a desidratação grave, que ocorre sem a pessoa perceber. Por isso, é importante tomar bastante líquido quando a pessoa estiver com Dengue. Por bastante líquido entenda 5 litros de água (sucos, chás, etc) para um paciente com 80kg de peso. Se não conseguir tomar toda esta quantidade, o paciente poderá piorar e necessitar de hidratação venosa. Hoje considera-se que o grande “tratamento” do paciente com dengue é água. Considera-se que a Dengue hemorrágica seja apenas uma agravação do quadro da Dengue, e não outra manifestação. Portanto, é necessário ingerir muito líquido para evitar piora do doente.
Chikungunya
A principal complicação é a permanência, por longo tempo, das dores e inchaço nas articulações, às vezes impedindo as pessoas de retornarem às suas atividades.
Zika
As complicações mais observadas têm sido as manifestações neurológicas como paralisia facial e fraqueza nas pernas, a exemplo do desenvolvimento da Síndrome de Guillain-Barré.
Em relação a esta doença é interessante ainda saber que apenas cerca de 20% dos infectados desenvolvem os sintomas da doença, ou seja, um em cada cinco. Ainda que o principal transmissor seja o mosquito, a literatura descreve transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, a transmissão perinatal e sexual, além da possibilidade de transmissão por transfusão.
Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde confirmou haver uma associação positiva entre a febre Zika e casos de fetos com microcefalia. É a primeira vez no mundo que esta associação foi identificada e hoje estaria confirmada. Aparentemente, o risco é maior se a gestante tiver Zika no primeiro trimestre de gravidez, menor risco no 2o. trimestre e baixo no 3o. trimestre.
O diagnóstico é feito por sorologia para o vírus Zika, por pesquisa de anticorpos específicos. O exame demora e quando fica pronto a maior parte dos pacientes já não tem mais sintomas.
A doença é autolimitada e cura-se espontaneamente em poucos dias. Não há vacina ou tratamento específico. O paciente deve repousar, tomar muito líquido e analgésicos como paracetamol ou dipirona, caso deseje, para minorar a febre e a dor. Pessoas que já foram infectadas desenvolvem imunidade contra a doença, porém ainda é desconhecida a extensão desta imunidade.
Uso de medicamentos homeopáticos
Em relação à prevenção e ao tratamento através do uso de medicamentos homeopáticos, lembramos que este é um procedimento tradicional da Homeopatia, proposto por Hahnemann, nos parágrafos 100 a 104 da 6a. edição do seu Organon. Lemos sobre os sintomas da doença coletiva que permitem a escolha do remédio homeopático mais conveniente para esta série de sintomas. Historicamente a homeopatia tem oferecido uma ajuda essencial para casos de doenças epidêmicas, especialmente para aquelas para as quais não há prevenção ou tratamento.
É possível que no futuro medicamentos mais adequados sejam encontrados para estas doenças, especialmente a Zika, que tem apresentado características novas nos casos em nosso país. Porém já podemos contar com a experiência de médicos homeopatas que tem divulgado propostas para as três doenças.
Duas fórmulas têm sido utilizadas para dengue: uma proposta pelo Dr. Renan Marino, hoje presidente do Instituto Homeopático François Lamasson, composta por Crotalus horridus, Eupatorium perfoliatum e Phosphorus, que prevê sintomas da dengue hemorrágica. A outra proposta pela Dra. Ana Teresa Doria Dreux, hoje presidente do IHB, Instituto Hahnemanniano do Brasil, contém Rhus toxicodendron, Eupatorium perfoliatum, China officinalis, Ledum palustre e Gelsemium. As potências propostas tem sido 5, 6, 12 ou até 30CH. Para prevenção, a indicação é de doses semanais ou até diárias. Para tratamento as doses devem ser mais frequentes, como três vezes ao dia. Havendo o aparecimento de sintomas dos medicamentos, sinais de patogenesia, diminuir a frequência de administração.
Para Chikungunya, a Dra. Ana Teresa afirma ter pouca experiência, mas pelos sintomas relatados ela elaborou a seguinte fórmula: Bryonia 5CH, Belladonna 30CH, Apis mel 5CH, Arnica montana 30 CH, Ledum palustre 3 CH e Actaea spicata 30 CH. Para prevenção, se houver casos na região, uma dose ao dia por um mês. Para tratamento, repetir até de hora em hora, espaçando com a melhora dos sintomas. Afirma ainda que Complexo B, vitamina C e Vitamina D3 ajudam muito.
A Zika vem atemorizando mais a população. Para a prevenção, a Dra. Ana Teresa recomenda a mesma fórmula contra a dengue, pois na matéria médica de William Boericke lemos, para Gelsemium que ele centra sua ação sobre o sistema nervoso, causando vários graus de paralisia motora, de vários grupos de músculos como oculares, da garganta, peito, laringe, esfincter, extremidades, etc. Falta de coordenação muscular. É claro que a microcefalia não aparece na matéria médica, porém trata-se de uma síndrome também relacionada ao sistema nervoso. A médica recomenda também vitaminas D3, C e complexo B, probióticos e boa alimentação.
O Dr. Renan recomenda, no caso da incidência de Zika, a mesma fórmula contra a Dengue, mais a administração de Gelsemium 30CH, para ele, sem dúvida alguma, o gênio epidêmico desta febre. Como preventivo, uma dose por mês. No caso da doença, inclusive se houver desencadeamento da síndrome de Guillain Barré, manter quatro doses diárias, por dez dias ou enquanto durarem os sintomas.
José Cerbino, vice-diretor do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas afirma que a síndrome neurológica de Guillain Barré não é causada diretamente pelo vírus. Para ele, “não é Zika que causa Guillain Barré, mas sim é uma resposta do organismo a alguns processos infecciosos, que algumas pessoas, quando expostas a algumas infecções, podem desenvolver. É uma síndrome desmielinizante, que tem cura com regressão dos sintomas na maior parte dos casos”.
Tivemos possibilidade de conhecer mais sobre o uso da Homeopatia em Epidemias pela participação em evento internacional realizado em Delhi, em abril de 2016. O Central Council for Research in Homoeopathy daquele país publicou o Guidelines for Homeopathic Practitioners for Management of Dengue Fever, que pode ser acessado em www.ccrhdengueinfor.org. Naquele país existe o Ministério de AYUSH, semelhante ao Ministério da Saúde, que porém lida apenas com terapias tradicionais, alternativas ou complementares, como Ayurvédica, Yoga, Unani, Siddha e Homeopatia, e que indica o uso de medicamentos homeopáticos na prevenção e tratamento de epidemia, incluindo estas tres febres. Por exemplo, para prevenção, é sugerida uma dose de Eupatorium 30 por dia por 3 dias. Ainda naquele país, no estado de Kerala, o dr. B. S. Rajasekharan propôs protocolos de homeoprofilaxia e tem se dedicado ao estudo de rápida resposta no caso de epidemias com uso de medicamentos homeopáticos.
Em Cuba foi realizado um estudo para avaliar eficácia da homeopatia na dengue, determinar a eficácia do composto BEPG 30 (Bryonia, Eupatorium, Phosphorus e Gelsemium ãã na 30CH) e possíveis eventos adversos. Foram estudados 208 paciente em 3 instituições e verificada proteção sem o aparecimento de eventos adversos.
Outros homeopatas presentes ao evento foram Isaac Golden e Martien Brands, este último médico co grupo Homeopatas sem Fronteiras, que também falaram sobre o uso da homeopatia em epidemias. Certamente, mais estudos serão publicados proximamente.
Uso de repelentes
Sendo o vetor o mosquito, o uso de mosquiteiros, telas de proteção e repelentes, diminui a chance de infecção pelo vírus.
Os repelentes mais eficientes são os produtos químicos sintéticos.
IR3535: o uso tópico de repelentes a base de Ethil butilacetilaminapropionato (EBAAP) é tido como seguro para gestantes, sendo indicado, inclusive, para crianças de seis meses a dois anos, mediante orientação de um pediatra. A duração da ação dos repelentes que usam esse princípio ativo é curta e requer reaplicação a cada duas horas.
DEET: apesar do uso tópico de repelentes a base de dietiltoluamida ser considerado seguro em gestantes, o produto não deve ser utilizado em crianças menores de dois anos. Já para crianças entre dois e 12 anos, a concentração do princípio ativo deve ser de no máximo 10% e a aplicação deve ser feita, no máximo, três vezes por dia. O tempo de ação dos repelentes a base de DEET recomendado para adultos (concentração de 15% do ativo) é de cerca de seis horas. Já a versão infantil dura apenas duas horas.
Icaridina: por oferecer o período de ação mais prolongado, os repelentes a base de dietiltoluamida, como o produto Exposis, estão sendo os mais procurados por adultos e gestantes. Com duração de proteção de até dez horas, também pode ser usado por crianças a partir de dois anos.
Produtos naturais, como o óleo essencial de citronela, oferecem proteção por tempo curto, ainda que possam ser mais seguros, quanto à toxicidade.
Tem sido prescritas fórmulas com tintura de Ledum palustre, porém não foi encontrada referência para esta planta como repelente. Contraindicada para gestantes, tem ação externa como antiflogístico e em inflamações da pele.
Um pouco sobre a gripe influenza
Segundo o Ministério da Saúde a Influenza, comumente conhecida como gripe, é uma doença viral febril, aguda, geralmente benigna e autolimitada. Frequentemente é caracterizada por início abrupto dos sintomas, que são predominantemente sistêmicos, incluindo febre, calafrios, tremores, dor de cabeça, mialgia e anorexia, assim como sintomas respiratórios com tosse seca, dor de garganta e coriza. A infecção geralmente dura 1 semana e com os sintomas sistêmicos persistindo por alguns dias, sendo a febre o mais importante. Os vírus influenza são transmitidos facilmente por aerossóis produzidos por pessoas infectadas ao tossir ou espirrar. Existem 3 tipos de vírus influenza: A, B e C. O vírus influenza C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na saúde pública e não está relacionado com epidemias. O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias. Os vírus influenza A são ainda classificados em subtipos de acordo com as proteínas de superfície, hemaglutinina (HA ou H) e neuraminidase (NA ou N). Dentre os subtipos de vírus influenza A, os subtipos A(H1N1) e A(H3N2) circulam atualmente em humanos. Alguns vírus influenza A de origem aviária também podem infectar humanos causando doença grave, como no caso do A (H7N9).
O Ministério da Saúde recomende a vacinação para idosos, crianças novas, gestantes e pessoas com alguma comorbidade, que possuem um risco maior de desenvolver complicações devido à influenza, como a intervenção mais importante na redução do impacto da influenza.
Ainda assim a homeopatia oferece alternativas para auxiliar na prevenção e no tratamento das gripes e resfriados de diversos tipos. O uso do Influenzinum é uma possibilidades, mas há outras. Sandra J. Perko, em seu livro The Homeopathic Treatment of Influenza. Surviving Influenza, Epidemics and Pandemics. Past, Present and Future with Homeopathy apresenta várias possibilidades.
Conclusão
A ABFH está em contato com homeopatas da Liga Médica Homeopática Internacional e seu Grupo de Trabalho de Epidemias, assim como com homeopatas brasileiros que estão trabalhando de maneira unida contra estas epidemias, atentos a quaisquer novas informações.
Esteja atento aos que o procuram com sintomas de Dengue, Chikungunya e Zika, e de também de gripe forte, que pode ser do tipo Influenza. Recomende sempre o cuidado para evitar a proliferação de mosquitos, o uso de repelentes de maneira consciente e cuidadosa, e a manutenção de cuidados gerais à saúde que auxiliam na prevenção de doenças em geral. Comunique a ocorrência (notificação) às autoridades sanitárias, conforme a Lei 6.529/1975. Isso é fundamental para que intensifiquem-se e tornem-se mais eficientes as medidas de enfrentamento deste grave evento de Saúde Pública.
Lembre-se da possibilidade do uso de medicamentos homeopáticos preventivos e para o tratamento destas doenças. Aja sempre de maneira ética, consciente e responsável, no sentido de auxiliar a população que o procura nas farmácias.
Precisando de ajuda, procure a ABFH, entidade nacional dos farmacêuticos homeopatas.
Finalizamos com as palavras de Swami Vivekananda: “Um alopata vem e trata pacientes com cólera, e lhes dá seus medicamentos. O Homeopata vem e lhes dá seus medicamentos, e cura talvez mais do que o alopata faz porque o Homeopata não perturba o paciente mas permite que a natureza lide com ele”.
E também de Mahatma Gandhi: “A Homeopatia cura uma maior porcentagem de casos do que qualquer outro método de tratamento. A Homeopatia é o último e mais refinado método de tratar pacientes de maneira economica e não violenta.”