A HN Cristiano está disponibilizando o Isoterápico da Vacina contra Febre Amarela. Ele foi feito a partir da dinamização de uma vacina convencional contra esta doença.
Por que dinamizar uma vacina?
Porque nas vacinas estão os agentes etiológicos das doenças, como por exemplo vírus ou bactérias vivos, atenuados ou inativados, inteiros ou partes deles. Há um preceito geral para a aplicação da terapêutica homeopática que diz que uma substância, preparada segundo a farmacotécnica homeopática (dinamizada, ou seja, diluída e agitada), quando administrada a indivíduos doentes, pode tratar os sintomas provocados pela mesma substância em indivíduos saudáveis. No caso, o vírus da febre amarela (presente na Vacina contra Febre Amarela), preparado segundo a farmacotécnica homeopática, pode tratar os sintomas provocados pelo vírus da febre amarela em indivíduos saudáveis. Tratar os sintomas seria usar o Isoterápico da Vacina para tratar sintomas de um doente com febre amarela. Por outro lado sabemos que a homeopatia também pode tratar preventivamente, ou seja, você pode usar o vírus preparado homeopaticamente para prevenir que os sintomas da febre amarela apareçam, de maneira profiláxica. Como são princípios gerais, nós homeopatas acreditamos que possam ser aplicados a esta situação com a Febre Amarela também.
Como se classifica este medicamento?
Este não é um medicamento homeopático convencional. Acima já está a palavra “isoterápico”, antes de “Vacina contra Febre Amarela”. Isoterápicos são parte de preparações chamadas de Bioterápicos. E o que são os Bioterápicos? Vamos rever as definições da Farmacopéia Homeopática Brasileira. Bioterápicos são medicamentos que tem uma definição bem ampla: “São preparações medicamentosas obtidas a partir de produtos biológicos, quimicamente indefinidos (secreções, excreções, tecidos, órgãos, produtos de origem microbiana e alérgenos, patológicos ou não, elaboradas conforme a farmacotécnica homeopática e que servem de matéria-prima para as preparações bioterápicas de uso homeopático”.
Já Isoterápicos são preparações medicamentosas obtidas a partir de insumos relacionados com a patologia/enfermidade do paciente, sendo classificados como autoisoterápicos (são os preparados com insumos ativos obtidos do próprio paciente como fragmentos de órgãos, tecidos, sangue, secreções, excreções, cálculos, fezes, urina, culturas microbianas e outros, e destinados somente a este paciente) e heteroisoterápicos (cujos insumos ativos são externos ao paciente como alérgenos, alimentos, cosméticos, medicamentos, toxinas, poeira, pólen, solventes e outros, que de alguma forma o sensibiliza.
Nosso Isoterápico de Vacina contra a Febre Amarela é classificado como um heteroisoterápico, e enquadrado na nossa Farmacopeia como um Bioterápico.
E para que serve este medicamento? homeopatia tem ação em epidemias?
Um paciente com sintomas provocados pelo vírus da febre amarela pode ser tratado através da administração do próprio vírus, em quantidades muito pequenas (aqui fica claro a importância das doses mínimas ao tratar com homeopatia, especialmente para os medicamentos preparados a partir de substâncias tóxicas). Chama-se a isto de isoterapia, pois o tratamento ocorre pelo igual (ou o “extremamente semelhante”).
Se os sintomas que o paciente desenvolveu ao entrar em contato naturalmente com o vírus da febre amarela forem coletados por entrevista através de uma consulta, e estudados, pode ser escolhido o medicamento homeopático clássico que mais corresponde a estes sintomas. Neste caso este tratamento se chamaria homeopatia, ou seja, tratamento pelo semelhante. Este seria um tratamento individualizado, cujo medicamento teria que ser escolhido para cada indivíduo.
Mas Hahnemann nos dá outra alternativa para situações de epidemia, quando há muitos indivíduos doentes ao mesmo tempo, com sintomas parecidos. Ele nos fala sobre o “gênio epidêmico”, ou seja, como tratar diversos indivíduos no caso de uma epidemia. Seria necessário então entrevistar diversos indivíduos doentes e escolher o medicamento que cobre os sintomas que se apresentam na maior parte destes doentes. Diz ele que a observação minuciosa e precisa dos casos de uma doença epidêmica permite encontrar o medicamento homeopático mais adequado à “totalidade dos sintomas” do surto epidêmico. Afirma que cada epidemia isolada tem caráter peculiar, uniforme e particular comum a todos os indivíduos afetados. E quando este caráter se encontra nos conjunto característico dos sintomas comuns a todos, aponta-nos o caminho para a descoberta do medicamento homeopático (específico) adequado para todos os casos. Este será praticamente eficaz em todos os doentes que gozavam de saúde razoável antes da epidemia.
Se você quiser saber mais sobre “Gênio Epidêmico” leia os parágrafos 100 a 104, e o 241 da 6a. Edição do Organon.
Faz sentido o uso de bioterápicos para proteção específica?
Uma terceira possibilidade ainda seria utilizar o bioterápico, como historicamente tem sido feito com o vírus da gripe, cujo medicamento homeopático é chamado de Influenzinum, que é preparado com a Vacina contra a Gripe, que é dinamizada. Mesmo existindo vacina contra a Gripe, muitos homeopatas indicam para seus pacientes o Influenzinum feito com a Vacina contra a Gripe de cada ano, seja isoladamente, seja em conjunto com a vacina convencional, com o objetivo de minimizar seus efeitos colaterais.
Steven KAYNE afirma que este tipo de medicamento pode ser ministrado profilaticamente ou como tratamento, com o objetivo de estimular a resposta imune. Alerta que “nenhum destes medicamentos é uma vacina verdadeira no sentido convencional, e que não há evidências científicas se eles podem ou não conferir proteção contra a doença, quando aplicados profilaticamente”. Algumas pesquisas realizadas não tem conseguido demonstrar o aumento de anticorpos após administração oral de nosódio de vírus, por exemplo.
Certamente mais trabalhos de pesquisa seriam úteis e importantes para confirmar se é válida a ideia de uso preventivo de soluções dinamizadas, sejam bioterápicos ou medicamentos que respondam ao gênio epidêmico, especialmente para as doenças para as quais não há vacina. Alguns trabalhos sobre dengue realizados com soluções dinamizadas no Brasil, na Índia e em Cuba tem indicado a possibilidade de prevenção, assim como de tratamento. Muitos citam que os indivíduos que contraem a dengue, desenvolvem uma forma mais branda da doença.
Medicamentos homeopáticos clássicos que podem ser considerados na prevenção e tratamento da febre amarela
Há medicamentos homeopáticos clássicos que cobrem diversos sintomas de febre amarela e podem ser úteis quando os sintomas forem compatíveis. São eles:
Aconitum napellus: para o estágio inicial, com febre alta, calafrios com pele seca, pulso rápido e fraco. É esperado que acalme rapidamente as condições gerais do paciente.
Gelsemium sempervirens: para a fase inicial se o paciente está apático. Belladonna ou Bryonia também podem ser usados. Ou Camphora com seu intenso frio e tendência para o colapso. Se houver vômito, este pode ser controlado por Ipeca.
Arsenicum album: geralmente no segundo ou terceiro estágios, e é um dos medicamentos mais importantes para a febre amarela. O paciente tem náusea e vômitos contínuos. O vômito é de bile ou muco com fios negros ou sanguinolentos, face amarela e pulso pequeno, fraco e trêmulo. Há muita queimação na região precordial, sede intensa e queimante, para pequenas quantidades de água. Com frequência pode ser o único medicamento usada para a cura dos sintomas desta doença.
Lachesis: resultados muito satisfatórios, especialmente se há vômitos, abdomen amolecido, língua marron, delírio, fala lenta, náusea, descargas ofensivas e urina negra. Corresponde a envenenamento neurológico e é indicado para casos severos.
Acidum sulphuricum: para hemorragias com sangue negro, suor profusos com exaustão, fezes fétidas e secreção diminuída de urina.
Argentum nitricum: cobre vômitos intenso, com piora do paciente.
Phosphorus: hemorragias, icterícia. Foi usado com sucesso na epidemia do Rio de Janeiro, no início do século passado.
Crotalus horridus: corresponde ao estágio do vômito negro e envenenamento sanguíneo – há algum delírio, pele amarela sangue escorrendo de cada orifício do corpo; mesmo suor sanguinolento pode estar presente. A pela amarela presente nos sintomas deste medicamento é característica e denota mais envenenamento do sangue do que icterícia. Cadmium sulphate também tem sintomas de vômitos negros e também deve ser considerado.
Carbo vegetabilis: tem sido considerado como preventivo da febre amarela. Hering afirmou que este é o medicamento que mais corresponde à totalidade de sua ação na febre amarela. É adequado para o terceiro estágio, quando estão presentes colapso, frio intenso, descargas extremamente fétidas e grande exaustão das forças vitais.
Se tiver dúvidas, entre em contato conosco.
Referências bibliográficas:
DAVIES, A., apud KAYNE, S. Clinical investigations into the action of potencies. British Homeopathic Journal 60: 36-41, 1971
FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 3a. Edição.KAYNE, Steven B. Homoepathic Pharmacy, an Introduction and Handbook. Churchill Livingstone, 1997.
KAYNE, Steven B. Homeopathic Practice. Pharmaceutical Press, 2008.MANUAL DE NORMAS TÉCNICAS da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, 4ª. edição
PERKO, Sandra J. The Homeopathic Treatment of Influenza. Surviving Influenza Epidemics and Pandemics. Past, Present and Future with Homeopathy. Special Bird Flu edition. Benchmark Homeopathic Publications, San Antonio, 2005.
https://treatment.hpathy.com/homeo-medicine/homeopathy-yellow-fever/