Peter Fisher, Obituário de um Grande Embaixador da Homeopatia

No dia 15 de agosto aconteceu o “Cycle to Work Day” ou “Dia de Pedalar para o Trabalho”, evento que existe desde 2011, e movimenta, literalmente, milhares de entusiastas. Afinal a atividade física está alinhada com saúde e preservação do meio ambiente. Andar de bicicleta com segurança em grandes cidades é um desafio. Neste ano, em Londres, 8 ciclistas já perderam a vida, sendo que nos últimos 5 anos, só na área de Holborn ocorreram 4 acidentes fatais. No evento deste ano, ocorreu um novo acidente, levando a um protesto organizado pelo The London Cycling Campaign com ciclistas que exigem o fim das mortes.

No dia do evento, o médico homeopata Peter Fisher pedalava pela manhã para ir ao trabalho, quando foi atropelado por um caminhão em Holborn. A Homeopatia perdeu um de seus maiores líderes.

Comprometimento com a saúde e com o meio ambiente é uma ideia que logo nos vem à cabeça. Porém ele tinha muitas outras virtudes. Formou-se médico no Emmanuel College, uma das maiores faculdades da Universidade de Cambridge, fundada em 1584. Foi médico reumatologista honorário no King’s College Hospital.

Quando estudante, viajou para a China e viu uma cirurgia abdominal realizada sem anestesia, apenas com 3 pequenas agulhas de acupuntura na orelha esquerda. Percebeu que nem tudo havia sido ensinado em Cambridge. Posteriormente adoeceu, e quando os médicos disseram que não havia nada para aliviar seus sintomas, procurou homeopatia, com alívio.

Foi diretor clínico por 18 anos e diretor de pesquisa no Royal London Hospital for Integrated Medicine, antes chamado de Royal London Homeopathic Hospital por 22 anos. Foi presidente da Faculdade de Homeopatia e Editor chefe da revista Homeopathy, antes British Homeopathic Journal, única revista indexada internacionalmente da área.

Defensor corajoso da homeopatia, tinha grande conhecimento e experiência na área clínica, acadêmica e de pesquisa, além de desejo de ensinar e divulgar esta terapêutica para pessoas de todo o mundo, diversas formações.

Peter Fisher esteve diversas vezes no Brasil, e aqui fez diversos amigos, alunos e admiradores. Tive a oportunidade de estar com ele em diversos congressos da Liga Médica Homeopática Internacional. Mas minhas maiores lembranças aconteceram aqui em São Paulo. Em 1993, em início de gravidez, fui buscá-lo à noite no aeroporto para um evento que começava naquele momento. Todos ocupados, eu tinha um carro e falava inglês. Fui incumbida da tarefa. Naturalmente conversamos durante o caminho. Meses depois, em novo encontro em congresso da Liga ele me perguntou sobre o bebê, que infelizmente eu havia perdido. Isto marcou para mim a simplicidade e humanidade daquele homeopata inglês.

Novamente em São Paulo, anos depois, em um SINAPIH, Simpósio Nacional de Pesquisa em Homeopatia realizado na UNIFESP, em São Paulo, houve um problema e não havia tradutor para sua palestra. Alguns colegas vieram pedir que eu traduzisse, e na falta de outra pessoa, lá fui eu. Foi uma experiência bem difícil para todos, pois eu não estava preparada, não era tão familiarizada com seu trabalho de pesquisa, nem com sua maneira de falar. Porém Peter Fisher foi extremamente gentil, e tentou me ajudar ao máximo.

E foi esta humanidade, gentileza, além de extrema competência, que marcou sua vida e carreira profissional. A partir de 2001 foi convidado para ser o médico homeopata da Rainha Elizabeth. A família real inglesa está ligada com a hoemopatia desde a Rainha Vitória, que foi tratada pelo Dr Frederic Quin, um dos fundadores do London Homoeopathic Hospital em 1849. Por isto, George VI permitiu o uso da palavra “Royal” ao nome do Hospital em 1948. Peter Fisher disse que o convite foi por estar “no local certo, na hora certa”. E agradeceu à Rainha e ao Príncipe de Gales por sua mente aberta.

Definitivamente a Homeopatia perdeu um grande homeopata e um grande ser humano!

RIP! Rest in Peace!
Peter Antony Goodwin Fisher (02/09/1950-15/08/2018)