Sobre dengue, chikunguinya e zika

Comunicado da ABFH para os Farmacêuticos Homeopatas

Atenção farmacêutico: este texto tem como objetivo oferecer informações seguras para que você possa orientar os que o procuram. Havendo necessidade, as informações aqui contidas serão atualizadas.

A ABFH não pode responsabilizar-se por indicações de medicamentos à distância. Portanto, use o texto para sua informação, tome as medidas que julgar adequadas, porém não o divulgue para o público.

A ABFH, Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas apoia as medidas para controle da Dengue, Chikungunya e Zika, através do combate ao vetor, o mosquito, Aedes aegypti. Recomenda também, em especial neste momento de epidemia, que a população cuide de sua alimentação, repouso, lazer, exercícios físicos, controle do estresse, isto é, de medidas de higiene, promoção e proteção da saúde.

Na ocorrência de sintomas ou para mais orientações, indica que a população procure o farmacêutico ou médico homeopata, pois a homeopatia tem recursos para auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças epidêmicas. Portanto, você farmacêutico, deve informar-se, para poder orientar a população.

Notícias atualizadas sobre as características destas doenças devem ser buscadas em sites oficiais como o do Ministério da Saúde https://portalsaude.saude.gov.br/, das secretarias de saúde estaduais (https://www.saude.sp.gov.br/ para o estado de São Paulo), da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FioCruz) – https://portal.fiocruz.br/pt-br e da Organização Panamericana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS Brasil) https://www.paho.org/bra/. Todos transmitirão notícias fundamentadas, incluindo os alertas internacionais. Cuidado com informações das redes sociais que não tenham confirmação oficial. Informações não confirmadas, e muitas vezes errôneas, podem induzir a população e os profissionais da saúde ao erro, insegurança e mesmo pânico.

Conheça e divulgue a proposta “10 minutos contra a dengue”, divulgada pela Fiocruz, que é inspirada em uma estratégia de controle do Aedes aegypti adotada em Cingapura, que foi capaz de interromper o pico de epidemia no país através de ações semanais da população dentro de suas residências, de apenas 10 minutos, para limpeza dos principais criadouros do mosquito. O mosquito transmissor da dengue vive e se reproduz dentro das nossas casas. Agindo uma vez por semana na limpeza de criadouros, a população interfere no desenvolvimento do vetor, já que seu ciclo de vida, do ovo ao mosquito adulto, leva de 7 a 10 dias. Com uma ação semanal, é possível impedir que ovos, larvas e pupas do mosquito cheguem à fase adulta, freando a transmissão da doença por meio do combate ao vetor. Mais informações em https://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/10minutos.html

O Conselho Regional do Estado de São Paulo, CRF-SP, preparou uma campanha específica para farmacêuticos, chamada de Farmacêuticos contra a Dengue, que pode ser acessada em https://portal.crfsp.org.br/noticias/6227-farmaceuticos-contra-dengue.html. Lá você encontrará como registrar sua farmácia como participante desta campanha, e acessará informações diversas, como ficha de atendimento farmacêutico e manejo do paciente com suspeita de dengue e outros. Segundo o CRF-SP é possível contribuir orientando seus pacientes, ministrando palestras para a comunidade (escolas, igrejas, associações, etc.) ou visitando estabelecimentos comerciais de sua região para orientar as equipes que trabalham nesses locais.

Sintomas

A Dengue e a Chikungunya têm sintomas e sinais parecidos, enquanto a Dengue se destaca pelas dores nos corpo, a Chikungunya se destaca por dores e inchaço nas articulações. Já a Zika se destaca por uma febre mais baixa (ou ausência de febre), muitas manchas na pele, coceira no corpo e hiperemia conjuntival.

Dengue

O primeiro sintoma da Dengue é a febre alta, entre 39° e 40°C. Tem início repentino e geralmente dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira no corpo. Pode haver perda de peso, náuseas e vômitos.

Chikungunya

Apresenta sintomas como febre alta, dor muscular e nas articulações, dor de cabeça e exantema (erupção na pele). Os sinais costumam durar de três até dez dias.

Zika

Tem como principal sintoma o exantema (erupção na pele) com coceira, febre baixa (ou ausência de febre), olhos vermelhos sem secreção ou coceira, dor nas articulações, dor nos músculos e dor de cabeça. Normalmente os sintomas desaparecem após três até sete dias.

Diferenças entre febre Zika, Dengue e Chikungunya

Perigos e Complicações

Dengue

A principal complicação é a desidratação grave, que ocorre sem a pessoa perceber. Por isso, é importante tomar bastante líquido quando a pessoa estiver com Dengue.

Chikungunya

A principal complicação é a permanência, por longo tempo, das dores e inchaço nas articulações, às vezes impedindo as pessoas de retornarem às suas atividades. Zika As complicações mais observadas têm sido as manifestações neurológicas como paralisia facial e fraqueza nas pernas, a exemplo do desenvolvimento da Síndrome de Guillain-Barré.

Em relação a esta doença é interessante ainda saber que apenas cerca de 20% dos infectados desenvolvem os sintomas da doença, ou seja, um em cada cinco.

No dia 28 de Novembro de 2015, o Ministério da Saúde confirmou haver uma relação entre a febre Zika e casos de fetos com microcefalia. É a primeira vez no mundo que esta associação é identificada. Aparentemente, o risco é maior se a gestante tiver Zika no primeiro trimestre de gravidez. O risco é menor no 2o trimestre e baixo no 3o trimestre. Mas a ocorrência da má formação não é garantida.

O diagnóstico é feito por sorologia para o vírus Zika, por pesquisa de anticorpos específicos. O exame demora e quando fica pronto a maior parte dos pacientes já não tem mais sintomas. A doença é autolimitada e cura-se espontaneamente em poucos dias. O paciente deve repousar e tomar muito líquido. Pessoas que já foram infectadas desenvolvem imunidade contra a doença, porém ainda é desconhecida a extensão desta imunidade.

Uso de Medicamentos Homeopáticos

Em relação à prevenção e ao tratamento através do uso de medicamentos homeopáticos, lembramos que este é um procedimento tradicional da Homeopatia, proposto por Hahnemann, nos parágrafos 100 a 102 da 6 a . edição do seu Organon. Lemos sobre os sintomas da doença coletiva que permitem a escolha do remédio homeopático mais conveniente para esta série de sintomas. Historicamente a homeopatia tem oferecido uma ajuda essencial para casos de doenças epidêmicas, especialmente para aquelas para as quais não há prevenção ou tratamento.

É possível que no futuro medicamentos mais adequados sejam encontrados para estas doenças, especialmente a Zika, que tem apresentado características novas nos casos em nosso país. Porém já podemos contar com a experiência de médicos homeopatas que tem divulgado propostas para as três doenças.

Duas fórmulas têm sido utilizadas para dengue: uma proposta pelo Dr. Renan Marino,hoje presidente do Instituto Homeopático François Lamasson, composta por Crotalus horridus, Eupatorium perfoliatum e Phosphorus, que prevê sintomas da dengue hemorrágica. A outra proposta pela Dra. Ana Teresa Doria Dreux, hoje presidente do IHB, Instituto Hahnemanniano do Brasil, contém Rhus toxicodendron, Eupatorium perfoliatum, China officinalis, Ledum palustre e Gelsemium. As potências propostas tem sido 5, 6, 12 ou até 30CH. Para prevenção, a indicação é de doses semanais ou até diárias. Para tratamento as doses devem ser mais frequentes, como três vezes ao dia. Havendo o aparecimento de sintomas dos medicamentos, sinal de patogenesia, diminuir a frequência de administração.

Para Chikungunya, a Dra. Ana Teresa afirma ter pouca experiência, mas pelos sintomas relatados ela elaborou a seguinte fórmula: Bryonia 5CH, Belladonna 30CH, Apis mel 5CH, Arnica montana 30 CH, Ledum palustre 3 CH e Actaea spicata 30 CH. Para prevenção, se houver casos na região, uma dose ao dia por um mês. Para tratamento, repetir até de hora em hora, espaçando com a melhora dos sintomas. Afirma ainda que Complexo B, vitamina C e Vitamina D3 ajudam muito.

A Zika vem atemorizando mais a população. Para a prevenção, a Dra. Ana Teresa recomenda a mesma fórmula que ela já vem propondo contra a dengue. Na Matéria Médica de William Boericke lemos que o Gelsemium centra sua ação sobre o sistema nervoso, causando vários graus de paralisia motora, de vários grupos de músculos como oculares, da garganta, peito, laringe, esfincter, extremidades, etc. Com isto leva à falta de coordenação muscular. É claro que a microcefalia, síndrome também relacionada ao sistema nervoso, não aparece na Matéria Médica. A médica recomenda também a administração das vitaminas D3, C e complexo B, probióticos e boa alimentação.

O Dr. Renan recomenda, no caso da incidência de Zika, a mesma fórmula contra a Dengue, mais a administração de Gelsemium 30CH, para ele, sem dúvida alguma, o gênio epidêmico desta febre. Como preventivo, uma dose por mês. No caso da doença, inclusive se houver desencadeamento da síndrome de Guillain Barré, manter quatro doses diárias, por dez dias ou enquanto durarem os sintomas.

José Cerbino, vice-diretor do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas afirma que a síndrome neurológica de Guillain Barré não é causada diretamente pelo vírus. Não é Zika que causa Guillain Barré, mas sim é uma resposta do organismo a alguns processos infecciosos, que algumas pessoas, quando expostas a algumas infecções, podem desenvolver. É uma síndrome desmielinizante, que tem cura com regressão dos sintomas na maior parte dos casos.

Uso de Repelentes

Sendo o vetor o mosquito, o uso de mosquiteiros, telas de proteção e repelentes, diminui a chance de infecção pelo vírus. Os repelentes mais eficientes são os seguintes produtos químicos sintéticos:

IR3535: o uso tópico de repelentes a base de Ethil butilacetilaminapropionato (EBAAP) é tido como seguro para gestantes, sendo indicado, inclusive, para crianças de seis meses a dois anos, mediante orientação de um pediatra. A duração da ação dos repelentes que usam esse princípio ativo é curta e requer reaplicação a cada duas horas.

DEET: apesar do uso tópico de repelentes a base de dietiltoluamida ser considerado seguro em gestantes, o produto não deve ser utilizado em crianças menores de dois anos. Já para crianças entre dois e 12 anos, a concentração do princípio ativo deve ser de no máximo 10% e a aplicação deve ser feita, no máximo, três vezes por dia. O tempo de ação dos repelentes a base de DEET recomendado para adultos (concentração de 15% do ativo) é de cerca de seis horas. Já a versão infantil dura apenas duas horas.

Icaridina: por oferecer o período de ação mais prolongado, os repelentes a base de dietiltoluamida, como o produto Exposis, estão sendo os mais procurados por adultos e gestantes. Com duração de proteção de até dez horas, também pode ser usado por crianças a partir de dois anos.

Produtos naturais, como o óleo essencial de citronela, andiroba, eucalipto, lavanda, oferecem proteção por tempo curto, ainda que possam ser mais seguros.

Tem sido prescritas fórmulas com tintura de Ledum palustre, porém não foi encontrada referência para esta planta como repelente. Contraindicada para gestantes, tem ação externa como antiflogístico e em inflamações da pele. Pode portanto, diminuir a reação às picadas, porém não repelir insetos.

Conclusão

A ABFH está em contato com homeopatas brasileiros e internacionais que estão trabalhando de maneira unida contra estas epidemias, atentos a quaisquer novas informações.Esteja você também atento aos que o procuram com sintomas de Dengue, Chikungunya e Zika.

Recomende sempre o cuidado para evitar a proliferação de mosquitos, o uso de repelentes de maneira consciente e cuidadosa, e a manutenção de cuidados gerais à saúde que auxiliam na prevenção de doenças em geral. Comunique a ocorrência (notificação) às autoridades sanitárias, conforme a Lei 6.529/1975, que afirma ser dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência, sendo obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão. Neste momento Dengue tem notificação obrigatória, assim como casos de Zika que apresentam complicações. Isso é fundamental para que se intensifiquem e se tornem mais eficientes as medidas de enfrentamento deste grave evento de Saúde Pública.

Lembre-se da possibilidade do uso de medicamentos homeopáticos preventivos e para o tratamento destas doenças. Aja sempre de maneira ética, consciente e responsável, no sentido de auxiliar a população que o procura nas farmácias.