O “risco” sanitário homeopático e das práticas não convencionais

Para o Jornal Alternativo

 

O “Risco” sanitário do medicamento homeopático e das práticas não convencionais

Amarilys de Toledo Cesar

Em outubro, durante o Congresso Brasileiro de Farmácia Homeopática foi discutido o “risco sanitário” do medicamento homeopático. O que é isto? É a probabilidade que produtos e serviços têm de causar efeitos prejudiciais à saúde das pessoas.

A segurança do medicamento homeopático seria relacionada tanto a que os componentes ativos e inertes que compõem o medicamento não causem danos, e também a que o medicamento seja ativo no que se propõe a realizar. Idealmente estes medicamentos são indicados para um conjunto de sintomas do indivíduo, e não para patologias como inflamações, enxaquecas, artrites. Portanto, se o conjunto de sintomas do indivíduo a ser considerado para a escolha do medicamento não for o dos sintomas BIP (BEM DEFINIDOS, INTENSOS E PECULIARES), o medicamento pode não ser o melhor para o paciente. É verdade, o trabalho do homeopata é bem mais difícil do que o dos médicos que prescrevem medicamentos convencionais.

Todos sabem que Arnica trata traumatismos, mas para tratar integralmente um adulto que tenha uma artrose no joelho, enxaquecas que o aborrecem, uma gastrite que aparece após excessos alimentares e uma pressão que já se distancia dos propostos 8 x 12, com um só medicamento (como preconiza a homeopatia de Hahnemann, seu fundador), é necessário conhecer bem o paciente, com seus sintomas todos, e escolher aqueles que são bem definidos, que são intensos e que são peculiares aquele indivíduo. Esta gastrite aparece todos os dias? Você pode dizer quando aparece? Sempre que você toma leite? Nem sempre? Incomoda? Ah, é bem leve e você não consegue associar com a alimentação ou com momentos de mais stress? A enxaqueca aparece durante a noite e o acorda, sempre às 2 horas da manhã? Nunca em outro horário? E assim segue-se a entrevista durante a consulta homeopática. Você já percebeu que precisa aprender a se observar, não é?

Mas voltando ao risco do medicamento homeopático, você já deve ter escutado que eles são extremamente diluídos. Então, só as baixas potências de alguns medicamentos homeopáticos podem ser tóxicas. Por exemplo, o Arsenicum álbum, que é feito a partir do Arsênico, só deve ser usado a partir da 3CH e tanto os prescritores sabem disto, como farmacêuticos estão atentos a isto na dispensação.

E fique tranquilo pois a qualidade dos processos de preparo dos medicamentos homeopáticos foi muito aperfeiçoado nas últimas décadas, com o movimento farmacêutico homeopático e a Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, que atualmente presido.

Hahnemann, o médico alemão de 200 anos atrás que, sentindo-se oprimido por uma medicina que mais lesava do que curava, abandonou a prática médica, para em seguida começar a desenhar e apresentar a teoria de um novo princípio curativo, no qual utilizou substâncias altamente diluídas, criando assim as bases para a terapêutica homeopática. Hahnemann começou negando a realidade na qual estava inserido em sua época, para criar outra, com características próprias e valores positivos.

A avaliação do risco sanitário de medicamentos, produtos e serviços, vai gerar dados que serão usados para distribuição de recursos para a área da saúde. A distribuição destes recursos tem uma conotação técnica, mas também social e política.

Se queremos que o medicamento homeopático seja considerado no contexto da saúde pública, ele deve ser avaliado também sob o ponto de vista do risco sanitário. Não há registro de risco sanitário para ele. Isto significaria que ele não foi notificado, que não há risco ou que ele é desprezível? Nós homeopatas consideramos que não há risco mesmo, mas há sempre o lado de considerar que ele deve fazer efeito.

Ideal seria que mais pesquisas fossem realizadas para garantir que não há risco. Se você já escutou críticas aos homeopatas sobre não fazerem pesquisas, talvez você não saiba que as verbas de apoio à pesquisa não costumam ser concedidas a estudos sobre a Homeopatia, sob o argumento de que não há nada a ser pesquisado.

Ou seja, há muito a trabalhar pela Homeopatia e pelas terapias complementares à medicina convencional: garantir que sejam oferecidas pelos serviços públicos; que seja realmente implementado o PNPIC (Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnpic.pdf), já assinado pelo governo desde 2006, porém pouco encontrado em postos de atendimento público por falta de contratação de profissionais e de recursos; pedir pelo fornecimento do medicamento homeopático nas redes de atendimento público, e ainda que as entidades de fomento à pesquisa concedam verbas para a pesquisa nestas áreas da mesma maneira que fazem para a medicina convencional.

Nesta semana, assistindo aulas do curso de Homeopatia, Arquétipos e Transdisciplinaridade, e ao evento sobre Ciência e Religiosidade, com o privilégio de escutar palestrantes muito sábios falando sobre saúde, doença, envelhecimento, outras abordagens não convencionais à saúde, como o uso de Homeopatia e Meditação, não pude deixar de pensar que todos nós precisamos acreditar e trabalhar para que estas possibilidades tornem-se realidade. Os benefícios são reais, os riscos sanitários são mínimos ou inexistentes. Peça por estes atendimentos nos serviços de saúde que você frequenta. Saiba qual a posição de seus vereadores, deputados e senadores. O mundo está mudando rapidamente, e nossa visão de atenção à saúde também precisa mudar. Pense nisto!

Serviço: Amarilys de Toledo Cesar é farmacêutica homeopata, doutora em Saúde Pública(FSP, USP). Para mais informações envie e-mail para [email protected]